quarta-feira, 31 de outubro de 2012

A VOCAÇÃO ATLÂNTICA DO COMÉRCIO EXTERIOR POTIGUAR

Por Naira dos Santos e Edu Silvestre

A cesta de produtos exportados pelo RN diversificou-se nas últimas décadas, incluindo produtos tradicionais como açúcar, sal, algodão e castanha do caju, e outros novos como camarão, combustíveis e frutas tropicais. Entretanto, destaca-se a continuidade das características de uma “economia periférica” do tipo enclave, derivada da concentração das atividades econômicas do setor externo no segmento de commodities minerais e agroextrativistas.

Conforme Silva e Montálvan (2008), no biênio 2005-2006 cerca de 70% das vendas externas potiguares foram para os blocos União Europeia e Nafta. Nossa pesquisa indica que esses valores se mantiveram no biênio 2010-2011, com a União Europeia absorvendo 40% das vendas potiguares e o NAFTA outros 30%, indicando uma forte vinculação das exportações estaduais com os mercados mais ricos do Atlântico Norte.

Nessa dinâmica atlântica se insere ainda a África, apesar da grande oscilação entre 2010 (6,5% das vendas potiguares) e 2011 (2,35%), e o Mercosul com, respectivamente, 9,26% e 6,93% das exportações potiguares no mesmo período. Ressalta-se que o Mercosul, especialmente a Argentina, vem se recuperando quando comparado com os percentuais de 2006, quando representou apenas 3,28% das vendas potiguares.


Essa concentração das exportações do RN nos mercados atlânticos é tão significativa que mesmo a China, importante mercado de destino das exportações brasileiras, absorveu modestos 0,59% e 2,71% das exportações potiguares no biênio 2010-2011.


Em suma, mapeando-se os mercados de destino do comércio exterior potiguar observa-se uma forte concentração geográfica em torno das vantagens de localização do Rio Grande do Norte em relação aos mercados atlânticos. Entretanto, esses fluxos comerciais se concentram basicamente na direção das economias ricas do Atlântico Norte, com uma participação secundária do Mercosul, e quase desprezível em relação aos mercados africanos (este menos importantes mesmo que os mercados asiáticos). 

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Naiara dos Santos é aluna da graduação do Departamento de Geografia da UFRN.
Edu Silvestre é professor do Departamento de Geografia da UFRN.

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