Por Dalyson
Luiz Araújo de Morais
A
partir da década de 1970, o espaço agrícola brasileiro passou por um processo
de reestruturação do seu sistema produtivo. As principais características dessa
reestruturação estão diretamente relacionadas à introdução de inovações
técnicas e organizacionais que possibilitam um novo uso do tempo e do solo. No tocante
às inovações técnicas, destacamos o emprego de máquinas, insumos químicos e
biotecnológicos produzidos e fornecidos pelas indústrias a montante da produção
agropecuária. Já as inovações organizacionais, congregam os novos agentes e
setores envolvidos com a agropecuária científica e o processo de integração na
busca por uma maior racionalidade dos espaços agrícolas modernos. Além disso, o
desenvolvimento científico, produto de uma vigorosa pesquisa tecnológica,
juntamente com o aumento significativo da formação de profissionais cada vez
mais especializados, constitui-se também, imperativos da atual agricultura
científica do Brasil.
Dessa
maneira, o aumento significativo da oferta de cursos e programas de graduação
em universidades públicas e privadas no Brasil, como se poderá averiguar mais
adiante, evidencia o componente científico da reestruturação produtiva da
agropecuária brasileira no atual período.
Os
dados fornecidos pelo MEC por meio da Sinopse da Educação Superior de 1995 a
2010 nos revelam, dentre outras constatações, o crescimento tanto da oferta
como da demanda de cursos e programas de graduação que se remetem ao
conhecimento direto das necessidades da agropecuária científica. Aqui iremos
analisar a oferta e a demanda da grande área de conhecimento de Ciências
Agrárias que a partir do ano de 2000, passou a ser denominada de Agricultura e
Veterinária. Os cursos que compõem essas áreas de conhecimento seguem no Quadro
01.
No
ano de 1995 foram oferecidos em universidades públicas (federal e estadual) e
privadas 194 cursos e programas referentes a grande área do conhecimento de
Ciências Agrárias, neste mesmo ano concluíram 5.780 alunos e foram matriculados
47.785. No ano de 1999, último ano em que a grande área do conhecimento de
Ciências Agrárias ainda recebia essa denominação, foram ofertados no Brasil 285
cursos e programas, concluíram 6.336 e foram matriculados 62.640 alunos. Houve
assim um crescimento de 46,90% de cursos ofertados na rede pública e privada,
aumento de 9,71% dos concluintes e 31,08% de matriculados.
Para
elucidar a maneira como se dá no território brasileiro a distribuição da oferta
de cursos e da formação de profissionais direcionados a agropecuária científica,
lançamos mão da cartografia com base nas três variáveis (número de curso
superior ofertado, quantidade de concluintes no ano e o número de matrículas
realizadas) na grande área de Ciências Agrárias. Sendo assim, os Mapas temáticos
a, b, c e d, nos possibilitam entender a distribuição da educação superior
voltada para a agropecuária científica no último ano em que a Sinopse da
Educação Superior disponibilizou a quantidade de cursos, matriculas e
concluintes por estados da federação.
Entre
os anos de 2000 e 2010, período em que essa área do conhecimento passa a ser
denominada de Agricultura e Veterinária e tem seu currículo reorganizado, novos
acréscimos nessas três variáveis podem ser observados. Se no ano de 2000 a rede
de ensino superior disponibilizou 288 cursos e programas, concluíram 6.775
alunos e foram matriculados 63.260, no ano de 2010 já existiam 790 cursos e
programas de graduação, concluíram 18.094 alunos e foram matriculados 142.882
alunos. Dessa maneira, podemos perceber que houve um acréscimo de 174,30% na
oferta de cursos e programas, 167,07% nos concluintes e 125,86% de alunos
matriculados.
Os
números são ainda mais significativos quando comparados os anos de 1995 e 2010.
Destarte, podemos averiguar um acréscimo de 307,21%, 213,04% e 199,01% de
cursos ofertados, de concluintes e matriculados respectivamente, nos cursos e
programas que compreendem a antiga grande área do conhecimento de Ciências
Agrárias e a atual Agricultura e Veterinária, presente em universidades
públicas e privadas do Brasil.
Essa
breve análise do comportamento da oferta e da demanda por cursos e programas de
graduação na área do conhecimento voltado para as atividades que compõem o
setor agropecuário brasileiro evidencia, ainda que de maneira singela, a
importância do conhecimento científico para o funcionamento dessa atual fase da
agropecuária moderna brasileira.
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Quadro
01 – Grande área do conhecimento e cursos diretamente voltados para a agropecuária
Ciências
Agrárias (1995 – 1999)
|
Agricultura e
Veterinária (2000 – 2010)
|
Agronomia; Ciências Agrárias;
Engenharia Agrícola; Engenharia da Horticultura; Engenharia de Alimentos;
Engenharia de Aquicultura; Engenharia de Pesca; Engenharia Florestal;
Horticultura; Indústria da Madeira; Irrigação e Drenagem; Laticínios;
Medicina Veterinária; Química dos Alimentos; Tecnologia Agroindustrial;
Tecnologia Agronômica; Tecnologia de Alimentos; Zootecnia.
|
Engenharia florestal; Silvicultura; Horticultura;
Agroecologia; Agroindústria; Agronomia; Agropecuária; Engenharia agrícola;
Manejo da produção agrícola; Manejo da produção animal; Tecnologia em
agronegócio; Tecnologia em cafeicultura; Tecnologia em produção de grãos;
Técnicas de irrigação e drenagem; Zootecnia; Aqüicultura; Engenharia de
pesca; Tecnologia da produção pesqueira; Medicina veterinária.
|
Fonte:
MEC – Sinopse da educação superior 1995 – 2010.
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Dalyson
Luiz é mestrando do Programa de Pós Graduação em Geografia da Universidade
Federal do Rio
Grande do Norte.
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